Coronavírus, Pavlov e doença mental
O isolamento social imposto pelos governos por causa da pandemia do vírus chinês trouxe consequências imprevisíveis para a população mundial. Uma dessas consequências é o problema de saúde mental. O neurocirurgião da Beneficência Portuguesa de São Paulo, Dr. Júlio Pereira, afirmou em entrevista para Rádio Bandeirantes: “A gente costuma dizer que as pessoas estão submetidas a um estresse crônico”.[1]
Fala-se do perigo de uma segunda onda da pandemia. Entretanto, para o médico neurologista, “algumas pessoas consideram até uma segunda onda de pacientes com outras doenças que estão voltando”. Tais pessoas têm procurado hospitais achando que estão com covid19, mas, na verdade, “estão ansiosas, sem dormir, e muitas até ficam com sintomas como se tivesse com coronavírus. Um dos sintomas do transtorno de ansiedade é dificuldade de respirar”, observou.
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Diante dos quadros macabros apresentados por certa emissora de TV brasileira – a qual o Presidente Bolsonaro chamou de “TV Funerária” – tem-se a impressão de que tudo é morte e desolação. Perde-se assim a esperança, porque o “novo normal” apresentado pela mídia é bastante sombrio. E as pessoas que não têm como se sustentar, sem seus empregos ou trabalhos autônomos, ficam desesperadas sem ter alimentos para si e para os filhos. Vi na internet uma senhora que se oferecia para fazer serviços domésticos apenas em troca de alimentos.
Um pai de família foi ao mercado para comprar uns doces para a sua filha de três anos de idade. A criança quis uma barra de chocolate, mas o dinheiro do pai não era suficiente. Naquela hora, ele disse que ficou deprimido. A mãe dessa criança, que tem um bebê de colo, também ficou com depressão.

“Em uma terceira fase, toca-se a buzina, mas não se apresenta o açúcar. O cão saliva, porque se estabeleceu uma associação entre o som da buzina e a apresentação do açúcar.
“É o que o cientista russo, os meios científicos e culturais chamam, de reflexo condicionado.” [3]
Os contínuos vão-e-vêm das restrições em regiões inteiras se assemelham ao método usado pelo cientista russo. A sociedade virou massa de manobra de experimentos de “cientistas” malucos. Ninguém consegue prever qual vai ser a próxima ordem do “chefe” ou do Grande Irmão nesse cenário típico de George Orwell. E as consequências disso são os problemas de ordem psicológica. Vive-se angustiado. Mas, paradoxalmente, isso é feito em nome da saúde, a qual passou a ser o bem supremo…
O “excesso” de zelo pela saúde durante a pandemia do coronavírus faz-me lembrar de um fato durante a Revolução Francesa cujo lema era liberdade, igualde e fraternidade. Em nome de tal “liberdade” foram mortas milhares de pessoas pela guilhotina. Isso levou Madame Roland a exclamar, enquanto caminhava para o cadafalso onde seria decapitada pelos revolucionários: “Oh liberdade, quantos crimes se cometem em teu nome!”. Parafraseando Madame Roland, poderíamos dizer: “Oh saúde, quantos males nos são impostos em teu nome!”
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[2] https://amb.org.br/noticias/amb/a-ineficacia-das-mascaras-cirurgicas-e-mascaras-de-pano-sao-abordadas-na-atualizacao-das-diretrizes-da-amb-sobre-covid-19/