“Fake News” e guerra
psicológica revolucionária
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Hans Christian Andersen (1805-1875) foi um escritor dinamarquês,
autor de contos infantis como Soldadinho de Chumbo, O
Patinho Feio, A Pequena Sereia etc. Entre suas várias
obras, tornou-se célebre “A Roupa Nova do Rei”.
Nesse conto ele narra a história de
um rei vaidoso que foi vítima – digamos – de uma má informação. O monarca foi
informado de que havia em sua cidade dois visitantes que teriam muita
habilidade em costurar roupas muito chiques e mágicas.
O rei chamou os dois forasteiros e
lhes disse: “Ouvi dizer que os senhores fazem roupas maravilhosas, é
verdade?” – “Oh sim, majestade. Não só maravilhosas, mas também mágicas.
Somente os mais inteligentes podem vê-las, os tontos não veem. Mas estas roupas
são muito caras”.
O rei então disse aos homens que eles
podiam cobrar o que quisessem, mas o importante é que fizessem as roupas
mágicas e magníficas.
Após uma semana, voltam os
costureiros: “Aqui estão as suas belas roupas, majestade. Elas não são
magníficas? De tão precioso o tecido, nem chega a pesar nada!”.
O rei e todos os seus criados não
viram nada, mas para não passarem por tontos, exclamaram: “São realmente
magníficas!”.
“O rei está nu”, alertou a criança. |
O monarca decidiu usar as suas roupas
“mágicas” num desfile pela cidade. À medida que o iam “vestindo” com aquelas
roupas, os costureiros, ou melhor, os trapaceiros, diziam: “Oh majestade
suas roupas lhe caem muito bem!”.
O rei olhou-se no espelho e exclamou:
“Eu não estou encantador?” – “Oh sim, majestade”, disseram
todos os seus criados.
O monarca mandou então que abrissem
todos os portões do palácio para que o povo o admirasse com a nova roupa.
Todos ficaram espantados ao ver o
rei, mas como ouviram dizer que só os tontos não conseguiam ver a nova roupa,
gritaram: “Como o rei está belíssimo!” Somente uma criança, no meio
daquela multidão, gritou: “O rei está nu!”. E o rei percebeu que tinha
sido enganado.
Os
internautas aceitam o que diz a internet sem questionar a veracidade
“
Você tem de imaginar que uma pintura ou escultura está na sua frente”, diz Newstrom. |
Em 23 de setembro de 2014 a rádio
canadense CBC veiculou um programa baseado num texto do site da própria
emissora. Nele, uma “artista” norte-americana, Lana Newstron, teria lançado uma
“nova tendência” de obras invisíveis, as quais ela pretendia vender por 35 mil
dólares.
Esse programa de rádio foi criado por
dois comediantes, Pat Kelly e Peter Oldring, que fabricam histórias satirizando
assuntos atuais. Eles esclarecem o seu objetivo:
“A artista de 27 anos, Lana Newstrom,
diz que ela é a primeira artista do mundo a criar ‘arte’ invisível. Neste
documentário, viajamos para o estúdio vazio para aprender mais sobre Lana e seu
processo artístico incomum.
“
"Só
porque você não vê nada, não significa que eu não coloquei horas de trabalho na
criação de uma peça específica. (…) A arte é sobre a imaginação e é isso que o
meu trabalho exige das pessoas que interajam com ela. Você tem de imaginar que
uma pintura ou escultura está na sua frente”, diz Newstrom.
“Paul Rooney, o agente de Lana,
acredita que ela pode ser o melhor artista que trabalha hoje: ‘Quando ela
descreve o que não pode ver, você começa a perceber porque uma de suas obras
invisíveis pode obter mais de um milhão de dólares’, disse Rooney.
“Este é um programa de assuntos
atuais que não só fala sobre os problemas, mas os fabrica. Nada está fora dos
limites – política, negócios, cultura, justiça, ciência, religião – se for
relevante para os canadenses, descobriremos o ‘Isto’ e o ‘Isso’ da história.
“No campo artístico, há muito
espaço para interpretação e pensamos que seria interessante empurrar a ideia
para o extremo, a arte invisível”, disse um dos criadores do show na rádio
canadense.
O mais surpreendente é que o site da
CBC teve mais de 40 mil visualizações sem ninguém contestar a veracidade do
fato. Por isso, comenta um de seus idealizadores “As pessoas leem
tão rapidamente na Internet que muitos não tomaram o tempo para verificar se era
verdade ou não.”
Fake
News
As notícias falsas, chamadas “fake news”,
têm ganhado espaço na internet e o TSE teme que elas possam influenciar no
resultado das próximas eleições. Elas são produzidas por falsos perfis nas
mídias sociais. Existem também os robôs digitais que reproduzem notícias falsas
com uma velocidade incrível, com um determinado fim. “Os robôs são
programas que agem de forma autônoma na internet, simulando o comportamento
humano. São perfis falsos nas redes sociais. Bots ficam amigos de outros bots,
e também de pessoas reais que não sabem da existência deles. São programados
para visitar todo tipo de destino na internet, inclusive os portais de notícias
falsas e as redes sociais. Simulam uma multidão de pessoas conversando ou vendo
seu anúncio, só que é tudo artificial. Agem freneticamente: tanto para difundir
opinião e fake news por meio de massificação (cut/paste), a serviço de algum
interessado, que paga os programadores; bem como para inflar as audiências de
publicidade, enganando os otimizadores de compra de mídia. Esta avalanche de
tráfego falso é chamada de NHT, isto é, tráfego não humano, na sigla em inglês”,
comenta um site especializado.[1]
Guerra
Psicológica Revolucionária
Estamos, pois, diante de uma nova
modalidade de guerra psicológica revolucionária. Os casos acima narrados,
embora fictícios, podem ter sido uma experiência prévia ou uma demonstração de
como se pode manipular a opinião pública.
O Professor Plinio Corrêa de Oliveira
descreve como se processa a guerra psicológica revolucionária:
“Guerrear tirando do adversário a
vontade de fazer a guerra é um modo ainda de guerrear. E a isto se chama hoje
em dia uma arma a mais. Todos os especialistas da guerra além da infantaria,
dos tanques, da marinha, da aeronáutica, da artilharia, reconhecem como nova
guerra a guerra psicológica destinada a fazer que um país vença outro país.
“Agora o que é guerra psicológica
revolucionária? Pode ser que uma determinada corrente empenhada em fazer uma
Revolução use esses recursos contra as classes sociais ou contra as correntes
ideológicas que se oponham a essa Revolução. É o caso do comunismo. Ele usa
contra a burguesia toda a forma de recursos destinados a tirar da burguesia a
vontade de resistir; a tirar da classe popular a conformidade e boa amizade com
a burguesia e a jogá-la contra a burguesia, subconscientemente, por meio de
estímulos. Esta é a guerra psicológica revolucionária.
Quando se lê a História, tem-se a
impressão de que certos grupos históricos sempre conheceram – como? também não
sei – essa arte. Porque quando vamos ver a expansão do
Protestantismo no século XVI; da Revolução nos séculos XVIII e XIX, da
Revolução Francesa; e do comunismo em nossos dias, e agora do ecologismo, nós
vemos que sempre tudo se passa como se essa arma fosse utilizada por eles no
próprio benefício e em detrimento ao adversário. Donde essas vitórias em
cadência dessas revoluções sobre os adversários. É claro que não é o fator
único dessa vitória, mas é um fator muito poderoso.”[2]
Opinião
Pública, rainha do mundo
A respeito da opinião pública, diz
Dr. Plinio no primeiro número da revista “Catolicismo”, em 1951: “‘A opinião
pública é a rainha do mundo’, escrevia Voltaire. Em nossos dias,
esta afirmativa se torna cada vez mais verdadeira. Formar a opinião tem sido o objetivo
constante de todas as forças ocultas ou não, que vêm tentando desde o século
XVIII, ou quiçá desde o século XVI, a conquista do mundo.”
A opinião pública de hoje é uma
rainha despida de valores morais e sem força para lutar. Vítima desse novo artifício
de guerra psicológica revolucionária, ela se encontra abobada ou anestesiada e
não dá ouvido quando alguém a alerta sobre esse grave problema. A insanidade
parece ter dominado as mentes.
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[1] http://tiinside.com.br/tiinside/seguranca/tecnologia-seguranca/01/08/2017/robos-digitais-e-fake-news-podem-ser-armadilhas-para-empresas/