quinta-feira, 27 de abril de 2017

O sentido da vida… ou da morte

O sentido da vida… ou da morte


“A verdadeira glória só nasce da dor”
 – Plínio Corrêa de Oliveira
Certa vez um jovem estudante fez uma redação com o título ”Quero ter um ideal para morrer”. De início fiquei chocado com este título, pois parecia que aquele jovem tinha uma ideia suicida. Contudo, pensando melhor, percebi que ele entendia que existiam ideais mais importantes do que a própria vida pelos quais valem a pena morrer, porém não conseguia explicitar de outra forma.
Este fato me veio à mente quando vi que jovens se matam por causa de um jogo como o Baleia Azul, por exemplo. Assim, me perguntei: por que pessoas se matam?
Dar a própria vida por um ideal nobre como a Pátria, a Honra etc. não é suicídio. Pelo contrário, é um ato de heroísmo. Mas morrer por um jogo na internet… Eu queria entender o motivo que leva um adolescente a essa loucura.
Segundo o psiquiatra Viktor Frankl [i] (foto ao lado), a pessoa tende ao suicídio porque perde o sentido da vida. Ele conta casos de pessoas que sofreram acidentes e tiveram os quatro membros amputados e que são felizes e se dispõem a ajudar outras pessoas. Então ele se perguntou: o que é ser feliz?
O psiquiatra percebeu que quanto mais a pessoa procura a felicidade, menos consegue almejá-la, mais ela se distancia. Isto é muito comum em certas neuroses como, por exemplo, a preocupação exagerada de certos homens com a masculinidade. Quando o homem parar de pensar no prazer, na satisfação, na felicidade etc. esta se instala por si mesma.
Onde está a raiz da felicidade? Dr. Frankl responde, pontualmente: no sofrimento.
Ninguém pode escapar do sofrimento e da dor – disse. Contudo, é possível transformar o sofrimento e a tragédia pessoal num triunfo pessoal, numa realização humana.
“A pessoa não deve agir com interesse próprio, ou para aliviar as tensões e se sentir tranquilo ou em busca do equilíbrio, ou para neutralizar as imposições do superego insatisfeito (…) Ela deve agir, na verdade, por uma causa ou por amor a alguém e não apenas em seu interesse próprio. É isto que cabe ao homem fazer.
“Há pessoas – observa Dr. Frankl – que, mesmo vivendo em condições normais, não encontram um sentido para a vida e acabam por se matar porque vivem frustradas apanhadas num vazio existencial.”[ii]
 *       *        *
O Dr. Frankl não deixa claro porque temos que sofrer para sermos felizes. Somente a Doutrina Católica pode nos explicar. Com o pecado original, fomos desterrados do Paraíso Terrestre e hoje vivemos “neste vale de lágrimas”, como rezamos na “Salve Rainha”.
Cristo del Gran Poder – Sevilha, Espanha
Nosso Senhor Jesus Cristo tinha como realização de sua missão, por assim dizer, a morte na Cruz, a Redenção do gênero humano. Ele sabia, desde o início de sua vida humana, que seria morto na Cruz da forma mais cruel e quando chegou o momento de sua Paixão e Morte, Ele a abraçou e a levou até o fim, até o “Consumatum est!”.
Christianus alter Christus” – o cristão é outro Cristo – dessa forma, a vida só tem sentido quando pegamos a nossa Cruz, como outro Cristo, e a levamos até o fim. O contrário disso é o “vazio existencial” de que fala Frankl.
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[i] Dr.  Viktor Frankl (1905-1997) foi um médico psiquiatra austríaco, fundador da escola de logoterapia que explora o sentido existencial do indivíduo e a dimensão espiritual da existência.
[ii] Entrevista com Viktor Frankl – A descoberta de um sentido no sofrimento – https://www.youtube.com/watch?v=ilRNmwNvuWk

sábado, 22 de abril de 2017

Baleia Azul: o jogo macabro da morte


Baleia Azul: o jogo macabro da morte



Um jogo macabro está causando alarme em todo o mundo. Trata-se do chamado Blue Whale – Baleia Azul -, disputado nas redes sociais, onde os organizadores, chamados “curadores”, propõem 50 desafios os mais malucos aos adolescentes, como tirar fotos assistindo a filmes de terror, automutilar-se, desenhar uma baleia e palavras no próprio corpo com o uso de objetos afiados e, por fim, suicidar-se.
Esse jogo começou na Rússia em 2015. Ele está ligado a uma série de suicídios em todo o mundo.  Estima-se que mais de 130 casos de suicídio naquele País estão ligados ao Blue WhaleNo país de Putin, o suicídio infantil é um problema real. De acordo com o governo russo, 720 menores se suicidaram em 2016.
No Brasil, este fatídico jogo teria chegado apenas neste mês de abril. Apesar de recente em nosso território,  a Polícia de Minas Gerais suspeita que dois suicídios de adolescentes, naquele Estado, estejam relacionados com o jogo.

No dia 18 p.p., a Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba emitiu um alerta que deixou a população assustada: foram registradas 8 vítimas do jogo. Cinco dos jovens atendidos na rede tentaram suicídio, enquanto outros três se automutilaram. “Não temos como confirmar a relação, mas nos chama a atenção o padrão similar dos casos”, alerta a coordenadora de Saúde Mental da secretaria, Flávia Adachi. Os adolescentes, com idades entre 13 e 17 anos, ingeriram medicamentos. Após o atendimento, eles foram encaminhados a Centros de Atenção Psicossocial (Caps). Além desses, outros dois casos semelhantes foram registrados posteriormente.

Segundo o site da Gazeta do Povo de Curitiba, são dez os sinais de que o adolescente está envolvido com o jogo:
1 -Mutilações na palma da mão;
2 – Ele assiste filmes de terror/psicodélicos com frequência;
3 – Mutilações nos braços – cortes grandes com desenhos de baleia ou qualquer outro animal;
4 – Desenhos de baleia;
5 – Posts em redes sociais com os dizeres “#iamwhale” (“Eu sou uma Baleia”);
6 – Sair de casa em horários estranhos;
7 – Cortes nos lábios;
8 – Furos nas mãos com agulhas;
9 – Arranjar brigas;
10 – Evitar conversar durante muitas horas.

13 Reasons Why


Além do Baleia Azul, o seriado do Netflix “13 Reasons Why”, que conta a história de uma adolescente que comete suicídio e deixa uma série de fitas explicando seus motivos, também gera preocupação de especialistas e autoridades. Tal seriado acarretou um aumento de 170% nos acessos ao Centro de Valorização da Vida (CVV) e na Associação Paranaense de Psiquiatria (Appsiq).
Em 1996, o jogo Diablo II introduziu o conceito de “permadeath”, ou morte permanente. O jovem tinha um objetivo claro que era “assassinar” alguém sadicamente. O homicídio, para ele, nada tinha de injusto ou arbitrário, era puro divertimento. O que explica essa mudança de comportamento do jovem jogador atual que, de assassino virtual, passa a ser ele mesmo a vítima, dessa vez, não virtual? Não encontro explicação disso senão numa ação do próprio demônio.

sexta-feira, 14 de abril de 2017

O feitiço que se volta contra o feiticeiro

O feitiço que se volta contra o feiticeiro


A empresa americana Target se tornou alvo, literalmente, de uma saraivada de críticas nas mídias sociais após divulgar em um blog, em abril de 2016, um anúncio favorável à ideologia de gênero. Líderes da American Family Association (AFA) promoveram um boicote à empresa através de um abaixo assinado com mais de 1,4 milhões de assinaturas. Também foi criado a hashtag#BoycottTarget onde milhares de pessoas se manifestaram.
O anúncio da empresa dizia: “Nós convidamos os funcionários transgêneros e clientes a usar banheiros ou vestiários que correspondam à sua identidade de gênero”.
A política de Target é exatamente como os predadores sexuais têm acesso às suas vítimas“, disse o presidente da AFA, Tim Wildmon, em uma carta aberta. “Isso significa que um homem pode simplesmente dizer que se sente como uma mulher hoje e entrar no banheiro das mulheres … mesmo que meninas ou mulheres já estejam lá.”[i]
Wildmon insistiu para que as pessoas assinassem a promessa de boicote, observando que a política da empresa “representa um perigo para as esposas e filhas“. Ele também pediu que as pessoas eventualmente lesadas se queixem contra a política da Target, tanto junto à Polícia como nas páginas do Facebook.
A campanha contra a Target, que favorece a ideologia de gênero, resultou na queda de valor de suas ações ao nível mais baixo desde 2014. O preço delas e seus ganhos nunca se recuperaram desde o anúncio em 2016. De fato, as suas perspectivas foram tão sombrias que, no início deste mês, a empresa fechou abruptamente alguns importantes projetos com os quais esperava recuperar o mercado varejista. As vendas caíram quase 6% nos três trimestres após a publicação do post, comparado com o mesmo período do ano anterior. No total, os lucros caíram 43%, segundo o site Chicago Tribune.
O boicote custou à Target milhões em vendas perdidas e despesas adicionais.  Depois do anúncio, a empresa foi obrigada a gastar US$20 milhões na instalação de banheiros individuais em todas as lojas.
Isso é o que acontece quando se ignora uma parcela significativa de seus clientes”, observa o articulista Jim Hoft.
Apesar dos prejuízos, o CEO da Target, Brian Cornell, numa entrevista à CNBC, insiste: “Nós tomamos uma posição, e vamos continuar a abraçar a nossa crença de diversidade e inclusão“.
Este caso da Target , com suas consequências,  nos faz lembrar novamente do famoso ditado francês: “Chassez  le naturel, il revient au galop.” (Cassai o natural, ele voltará a galope). Em linguagem popular, dizemos que é o feitiço que se volta contra o feiticeiro.
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[i] http://www.breitbart.com/big-government/2017/02/28/target-down-30-percent-since-transgender-boycott-began/

terça-feira, 11 de abril de 2017

Como o traje influi no pensamento e no comportamento humano

Como o traje influi no pensamento e no comportamento humano


"O modo de ser de um homem se exprime na fisionomia, no porte, no trato e também nos trajes, cuja mudança ao longo da História está ligada à mudança das personalidades e dos tipos humanos."
A maioria das pessoas é consciente do poder do traje para influenciar o juízo dos outros a nosso respeito. Contudo, podemos nos perguntar se o traje pode afetar nossos próprios pensamentos e a nossa personalidade.
O Dr. Adam D. Galinsky e seu colega Hajo Adam (fotos ao lado), professores da Escola de Administração Kellogg da Universidade Northwestern, de Illinois, pesquisaram sobre os efeitos do traje nos processos cognitivos e quais tipos de roupa podem nos deixar felizes, tristes, enérgicos, preguiçosos etc.[1]
O estudo – publicado na Revista de Psicologia Social Experimental – é o desenvolvimento científico do que chamaram cognição incorporada.[2]
Os pesquisadores observaram que a experiência de lavar as mãos está associada à pureza moral e aos juízos éticos”. Do mesmo modo, “as roupas podem ter profundas e sistemáticas consequências psicológicas e comportamentais para os seus usuários (..) Quando usamos uma roupa especial, não estamos dando somente impressões a outras pessoas, mas também estamos dando uma impressão a nós mesmos: sentimos o rico tecido em nossos braços que nos permite assumir as características dessa roupa.”.

“As roupas que você usa se infiltram no tecido de sua psique!”

Sabe-se, há muito tempo, que “a roupa influi como as outras pessoas nos percebem, assim como pensamos sobre nós mesmos. (…) A roupa invade o corpo e o cérebro, colocando o usuário em um estado psicológico diferente“, disse Galinsky.
Embora o ditado popular diz que as roupas não fazem o homem – concluíram os pesquisadores -, nossos resultados sugerem que elas têm um poder estranho sobre seus portadores“. Por isso, o prof.  Galinsky adverte: “as roupas que você usa se infiltram no tecido de sua psique!”
Para fazer a sua pesquisa, Dr. Galinsky se inspirou em um episódio do seriado americano “Os Simpsons”. Havia, naquele episódio, um grupo de crianças com uniformes cinzentos. As crianças eram muito calmas por causa dessa cor. Contudo, após uma tempestade, os uniformes ficaram com uma cor mais forte e, assim, o comportamento delas mudou. O cientista, então, começou a pensar sobre os trajes e o seu significado.
A propósito do jeans, o professor Karen Pine, autor de “Mind What You Wear: The Psychology of Fashion” disse“estamos mais inclinados a usar jeans quando estamos nos sentindo baixos e deprimidos”.
“Eu adoro a ideia de tentar descobrir por que, quando colocamos certas roupas, poderíamos assumir um papel mais prontamente e como isso pode influenciar nossas habilidades básicas”, disse Joshua I. Davis, professor assistente de psicologia em Barnard College (New York, EUA), especialista em cognição incorporada. “Este estudo não explica completamente como isso ocorre – disse -, mas sugere que vale a pena explorar várias ideias”.

O traje deve estar de acordo com quem o usa, e com a circunstância em que é usado

O Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, por sua vez, demonstra que os trajes têm um significado muito mais amplo. Assim, ele observa: “Com os trajes, também a linguagem, os gestos, os ritos, são elementos que têm grande importância cultural e pedagógica para o bem comum dos povos. É uma ‘liturgia’ social natural que se exprime na ordem e no fausto. (…) O traje deve estar de acordo com quem o usa, e com a circunstância em que é usado. Com efeito, o modo de ser de um homem se exprime na fisionomia, no porte, no trato e também nos trajes, cuja mudança ao longo da História está ligada à mudança das personalidades e dos tipos humanos“.[3] 
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Pio XII afirmou que “a sociedade, por assim dizer, fala com o traje que veste; com o traje revela suas secretas aspirações e disto se serve, pelo menos em parte, para edificar ou destruir o próprio porvir“.[4]
Tendo em vista os trajes atuais, preocupados, nos perguntamos: como será o nosso porvir?
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Referências:
[3] http://ipco.org.br/ipco/indumentaria-hierarquia-e-igualitarismo/#.WN7SNvkrLIU
[4] Pio XII, Discorso di Gran Cuore, 8-11-1957, in Discorsi e Radiomessaggi (Tipografía Vaticana, Cidade do Vaticano, 1959) vol. XIX, p. 578