A ideologia de gênero e o princípio da não-contradição
Por Jurandir Dias
Segundo a ideologia de gênero, a pessoa pode
ser uma coisa ou outra, ou não ser nada, ou seja, de acordo com a sua “sensação
interna” será homem, mulher ou nem homem nem mulher. É estranho, mas é o relativismo
levado ao extremo. Nesse sentido, essa ideologia parece uma seita cuja doutrina
não tem base na ciência nem na realidade. Para ela não há uma verdade absoluta;
tudo é relativo. Em artigo recentemente publicado no site do IPCO, transcrito
da Gazeta do Povo, Ryan T. Anderson, autor do livro When
Harry Became Sally, observa que “as afirmações de ativistas do movimento
transgênero são confusas porque elas são filosoficamente incoerentes.”[1]
Isto explica por que tais ativistas confiam em
afirmações contraditórias. Essas contradições, segundo Ryan T. Anderson, “são
necessárias no momento para fazê-los avançar em suas posições, mas a sua
ideologia segue evoluindo, e até mesmo aliados e organizações LGBT podem ficar
para trás conforme o ‘progresso’ acontece”. Diríamos que ela vai se
requintando e a cada dia surgem novos tipos trans, não sendo possível
prever o fim desse processo, que não é senão a destruição do gênero humano como
Deus o criou, ou seja, o reino do demônio sobre a terra caso não houvesse uma
intervenção divina com os merecidos castigos, e, finalmente, a vitória
prometida por Nossa Senhora em Fátima.
Essa ideologia tem suas causas profundas nas
tendências desordenadas do homem. Essas tendências “se desenvolvem como os
pruridos e os vícios, isto é, à medida mesmo que se satisfazem, crescem em
intensidade. As tendências produzem crises morais, doutrinas errôneas, e depois
revoluções. Umas e outras, por sua vez, exacerbam as tendências. Estas últimas
levam em seguida, e por um movimento análogo, a novas crises, novos erros,
novas revoluções. É o que explica que nos encontremos hoje em tal paroxismo da
impiedade e da imoralidade, bem como em tal abismo de desordens e discórdias”.
[2]
Paul R. McHugh, M.D (esquerda) and Lawrence S. Mayer, M.B., M.S., Ph.D. (direita) |
A médica Deanna Adkins, professora na Escola de
Medicina da Universidade Duke e diretora do Centro Duke para Cuidados de Gênero
de Crianças e Adolescentes, afirmou que, de uma perspectiva médica, “o que
determina apropriadamente o sexo é a identidade de gênero”. Ela chama de “má
ciência” aquela que fala de “cromossomos, hormônios, órgãos reprodutivos
internos, genitálias externas ou características sexuais secundárias para
sobrepor a identidade de gênero para propósitos de classificar alguém como
masculino ou feminino”. Entretanto, não apresenta nenhum estudo ou
argumento científico que corroborem a sua asserção. Seria preciso refutar os
estudos de diversos cientistas e médicos de renome, como Lawrence Mayer e Paul
McHugh, ambos da Universidade John Hopkins[3],
e também o mais recente estudo do Prof. Shmauel Pietrovski e o Dr. Moran
Gershoni, pesquisadores do Departamento de Genética Molecular do Instituto
Weizmann de Ciências, que revelaram que cerca de 6.500 genes humanos
codificadores de proteínas reagem de forma diferente nos sexos masculino e
feminino. Esta descoberta desmascara, mais uma vez, a ideologia de
gênero, que considera o sexo uma construção social.[4]
“Mas o que é exatamente essa “identidade de
gênero”, tida como o verdadeiro determinante do sexo?” – pergunta Ryan.
Ele mesmo responde: “Segundo Adkins, é ‘a sensação
interna de um indivíduo de pertencer a um gênero em particular, como
masculino ou feminino’. Perceba a função da palavra ‘como’, implicando que as
opções não são necessariamente limitadas a masculino e feminino. Outros
ativistas são mais exatos ao admitir que a identidade de gênero não precisa ser
restrita à escolha binária de masculino ou feminino, mas pode incluir os dois
ou nenhum. A Associação Americana de Psicologia, por exemplo, define
‘identidade de gênero’ como ‘a sensação interna de uma pessoa em ser
masculino, feminino ou outra coisa’”. (grifos nossos)
Seria o caso de perguntar o que é “sensação
interna”. Ryan, entretanto, afirma que “o centro da ideologia está a
radical afirmação de que sensações determinam a realidade. A partir
dessa ideia surgem demandas extremas para a sociedade lidar com afirmações
subjetivas da realidade.” Note-se que já não se fala da razão. O homem corrompido
pela ideologia de gênero já não pensa, mas tem sensações. É a perda do “lumen
rationis” (luz da razão).
Sobre o relativista, comenta o Prof. Plinio Corrêa
de Oliveira:
“Por que pensar logicamente, se não há verdade nem
erro? Por que coibir os impulsos, se não há bem nem mal? O importante é não
controlar as próprias ideias, e sim deixá-las soltas ao léu, sem procurar
exercer o governo do que acontece dentro de si, deixando-se tocar livremente
pelos influxos internos, cujo efeito concreto é tornar-nos um homem como os
outros, pensando, sentindo e vivendo como todo-o-mundo, partícipes, em última
análise, da grande mentalidade universal. Porque, a não ser um uomo qualunque –
um qualquer – a alternativa é clara: ser um desequilibrado ou ser um robô.” [5]
Santo Tomás de Aquino, seguindo Aristóteles, afirma
que é impossível uma coisa ser e não ser ao mesmo tempo. Este é o princípio da
não-contradição, que ele o define como o princípio primeiro e supremo do
pensamento.[6]
E Nosso Senhor Jesus Cristo nos ensinou: “Seja o
vosso falar: sim, sim; não, não” (Mt. V, 37). A ideologia de gênero
é propriamente a negação desse princípio.
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