Ideologia de
Gênero: a batalha final?
“A
batalha final entre o Senhor e o reino de Satanás será sobre o matrimônio e a
família”, afirmou a Irmã Lúcia, vidente de Fátima, em uma carta
enviada ao Cardeal Carlo Caffarra, Arcebispo de Bolonha (Itália).[1]
Em 16 de fevereiro de 2008, o
Cardeal Carlo Caffarra havia celebrado uma Missa na tumba de São Pio de Pietrelcina, após a
qual deu uma entrevista para a ‘Tele Radio Padre Pio’,
quando lhe perguntaram acerca da referida carta.
“A
batalha final entre o Senhor e o reino de Satanás será a respeito do Matrimônio
e da Família. Não temam, porque qualquer pessoa que atue a favor da santidade
do Matrimônio e da Família sempre será combatida e enfrentada em todas as
formas, porque este é o ponto decisivo”, disse o Cardeal.
O Cardeal Caffarra
acrescentou ainda que, “falando também com João Paulo II, a
gente podia sentir que a família era o ponto central, pois é o fundamento da
criação, a verdade da relação entre o homem e a mulher ao longo das gerações.
Se o pilar fundamental é transtornado, todo o edifício fica paralisado e agora
vemos isto, porque estamos justamente neste ponto e sabemos”.
Concluiu o Cardeal: “E
fico comovido quando leio as melhores biografias do Padre Pio a respeito de
como este homem esteve tão atento à santidade do matrimônio e à santidade dos
esposos, inclusive, com justificável rigor em algumas ocasiões.”
As
profecias e as revelações particulares nunca são feitas de modo claro. Elas não
são como uma notícia de um fato acontecido, mas sim que vai ou poderá
acontecer. Portanto, não revelam a data nem o modo como tal fato se dará. Só na
medida em que os fatos revelados forem acontecendo e se encaixam como num
quebra-cabeça é que se percebe a analogia entre eles e a profecia.
Imagem Peregrina Internacional de Nossa Senhora de Fátima |
Assim, a previsão de Nossa
Senhora de Fátima em 1917, de que a Rússia espalharia os seus erros
pelo mundo, não poderia ser entendida naquele contexto histórico.
Não se sabia de que erros Ela falava. Tal previsão ficou evidente somente após
a Revolução bolchevique e a execução da Família Imperial Russa, em 17 de julho
de 1918. Hoje, porém, os erros do comunismo estão por toda parte.
Foi pensando nisso que me
perguntei se essa insana ideologia de gênero já
não seria a “batalha final” de que fala a Irmã Lúcia.
* * *
A ideologia de gênero é
propriamente uma ideologia. Ela não é uma teoria ou simplesmente uma ideia
maluca. Toda ideologia parte de um pressuposto, de uma premissa. A partir dela
se constrói um raciocínio ou silogismo no qual se funda a ideologia. Se a ideia
inicial for falsa, todo o edifício ideológico que se constrói a partir dela
também será evidentemente falso. O comunismo, por exemplo, parte do princípio
de que toda desigualdade é um mal. A partir daí têm-se as consequências desse
princípio que são as revoluções, as mortes que ele causou e as ideologias que a
partir dele surgiram com o fim de destruir a civilização cristã.
Para se combater uma
ideologia com eficácia, é preciso combater antes o seu princípio inicial. A ideologia
de gênero parte de dois princípios: a) o sexo é um aspecto
biológico do homem e da mulher; b) o “gênero” é o sexo socialmente construído.
O primeiro princípio é verdadeiro. O segundo, porém, contém o erro. E é a
partir desse erro que se construiu essa ideologia.
A palavra “gênero” vem
carregada da energia de uma palavra-talismã. Ela é usada em sentido diferente
do seu significado etimológico, pois gênero significa coisas diferentes que têm
relação entre si. Por exemplo: gênero literário, gênero musical, gêneros
cinematográficos etc. As palavras têm gêneros: gênero masculino, gênero
feminino e gênero neutro. O gênero delas depende do país ou da região. Assim, a
palavra sangue, por exemplo, pode ser do gênero masculino em português,
feminino em espanhol (la sangre) e neutro (the blood) em inglês. Os seres
humanos e os animais têm sexos, e não gênero.
Se o “gênero” é definido
socialmente ou psicologicamente, a pessoa pode trocá-lo sempre que desejar. O
homem poderá mudar para o “gênero” feminino e, se quiser, volta a ser do
“gênero” masculino. A mudança de “gênero”, contudo, não muda o sexo da pessoa
porque está no DNA. Uma pessoa, mesmo após a morte, pode ser identificada se é
do sexo masculino ou feminino através do seu esqueleto. Homens e mulheres são
iguais na sua essência – ambos têm um corpo e uma alma –, mas são diferentes na
sua constituição física.
Segundo essa ideologia sem
base científica, todas as pessoas – homens e mulheres – nascem iguais. Uma das
consequências desse princípio é um igualitarismo exacerbado com o
desaparecimento dos sexos masculino e feminino.
A outra consequência é a
abolição do único tipo de casamento verdadeiro que é entre um homem e uma
mulher. O homem e a mulher são diferentes biologicamente. É por isso que
eles se complementam no casamento. Se fossem iguais, não haveria como se
complementarem. Como todos são iguais, de acordo com a ideologia
de gênero, qualquer “casamento” é válido. Assim, as uniões entre
pessoas do mesmo sexo, as uniões com membros da própria família e até com
animais – pois até lá vai essa loucura! – são válidas. Aparecem, então, vários
tipos de “famílias”. O resultado será a destruição da família como Deus a
instituiu.
Para “compensar” a diferença
biológica entre o homem e a mulher, estabelece-se o aborto e o uso de
anticoncepcionais. Isto será um “direito humano” da mulher, o qual tem que ser
provido pelo Estado. Assim, afirma Lucila Scavone: “Em um primeiro momento a
maternidade foi reconhecida como um handicap (defeito natural) que confinaria as mulheres em uma
bio-classe. Logo, a recusa da maternidade seria o
primeiro caminho para subverter a dominação masculina e possibilitar que as mulheres
buscassem uma identidade mais ampla, mais completa e, também, pudessem
reconhecer todas suas outras potencialidades. Por exemplo, a
luta política das mulheres francesas, nos anos 1970, para obter a pílula
contraceptiva e o aborto como direito político, possibilitou a efetivação desta
recusa.”[2] (grifos
nossos)
Vinny Ohh de 22 anos, gastou mais de US$ 50 mil (cerca de R$ 156 mil) em 110 procedimentos estéticos para se parecer com um “alienígena assexual”. |
Tudo
isso indica o fim da família e da sociedade, da qual a família é o núcleo.
Teremos uma sociedade sonhada pelo demônio onde o homem já não seria a imagem
e semelhança de Deus (Genesis 1:26). Tal sociedade se me
afigura um pesadelo ou um filme de terror, com pessoas assexuadas e mais de 60
tipos de “gêneros”, segundo as mídias sociais.
* * *
Estamos, pois, diante de uma
revolução que visa mudar não só a sociedade, mas também o homem. A maioria das
revoluções, contudo, foram feitas com guerras e custou a vida de milhares de
pessoas. A ideologia de gênero, por sua vez, é uma
revolução pacífica. Ela não usará armas letais, mas será imposta pela
legislação e pelo Poder Judiciário de cada nação mediante a prisão e pesadas
multas para aqueles que se opuserem. Provam-no fatos recentes acontecidos nos
EEUU, na Alemanha e na Noruega.[3]
Se a ideologia
de gênero for a batalha final de que fala a Irmã Lúcia, já
vislumbramos em seu termo o Reino de Maria, com o cumprimento da promessa de
Nossa Senhora em Fátima: “Por fim, o meu Imaculado Coração
triunfará!”
___________________________________
[1] http://www.acidigital.com/noticias/irma-lucia-batalha-final-entre-cristo-e-satanas-sera-sobre-familia-e-matrimonio-66002/
– acessado em 12/10/2017
[2] Lucila
Scavone, “A maternidade e o feminismo: diálogo com as ciências sociais” –
http://www.scielo.br/pdf/cpa/n16/n16a08.pdf – acessado em 12/10/2017
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