A trilogia que irritou o movimento feminista
Sem querer, a revista "Veja" despertou um tema que alguns talvez preferissem deixar oculto: a nobre missão da mulher na sociedade, ou seja, a de ser esposa e mãe, dedicada, recatada e casta.
Maria, o modelo perfeitíssimo de mulher e mãe |
A
revista Veja [1] de 18 de abril, ao classificar como “bela, recatada e do lar” certa mulher brasileira, provocou um alvoroço nas mídias sociais. A trilogia “bela, recatada e do lar”
não poderia ser mais odiosa para as feministas.
Sem
querer, a revista despertou um tema que alguns talvez preferissem deixar oculto: a nobre missão da mulher na sociedade, ou
seja, a de ser esposa e mãe, dedicada, recatada e casta. Não pretendo afirmar
que a mulher não possa exercer certas profissões sem deixar aquelas qualidades
inerentes ao sexo feminino.
A historiadora Mary Del Priore, uma das
principais pesquisadoras da história das mulheres brasileiras, numa entrevista
à BBC Brasil, faz uma análise desse fenômeno que está a acontecer na sociedade
brasileira. Segundo ela, “recato e ser
uma boa dona de casa acompanhou a história da mulher brasileira desde sempre”.
E acrescenta: “Não vamos esquecer que
nossos congressistas, quando foram votar pelo impeachment, evocaram a família,
a Igreja – então esse Brasil, que não está tão visível e que, do meu ponto de
vista, se constitui numa espécie de buraco negro com vozes discordantes, que
nunca ouvimos, é esse Brasil que se vê representado em mulheres que são belas,
puras e recatadas”.
Muitas famílias estiveram presentes nas recentes manifestações, inclusive com crianças pequenas |
A
historiadora observa ainda que essa tendência conservadora ocorreu também nos
Estados Unidos ” onde você tem movimentos feministas com tantas nuances, você
teve uma reação de mulheres nos anos 90 que deixaram as grandes empresas,
abandonaram suas carreiras, e que tem prazer de estar em casa, ser donas de
casa, e cuidar dos filhos, se dedicar à vida doméstica.” [2]
Artigo publicado no site do IPCO comenta: “Há um surpreendente movimento de mulheres que, após serem bem sucedidas
numa profissão, resolvem abandoná-la para se tornarem donas-de-casa,
desagradando assim profundamente as chamadas feministas, pelo fato de
representantes do belo sexo escaparem à sua ditadura.
Não ignoro, é claro, que possa haver
mulheres que se dediquem por razões legítimas a uma profissão. Não estou aqui
analisando casos individuais. O presente enfoque é a nova tendência que vai se
afirmando no sexo feminino, e que tem relação com a presente ‘onda
conservadora’.” [3]
* * *
O artigo
da Veja revela um Brasil “que não
está visível” - ou melhor, não estava visível - mas que agora, com os últimos
acontecimentos, está se tornando cada vez mais patente. Este sim é o Brasil
verdadeiro, o Brasil profundo, o Brasil conservador que a mídia faz questão de
esconder.
A mídia
se engana com o Brasil.
Referências:
[1] http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/bela-recatada-e-do-lar
- acessado em 24 de abril de 2-16
[2] http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/04/160418_marydelpriore_entrevista_marcella_temer_np
- acessado em 24 de abril de 2016
[3] http://ipco.org.br/ipco/mulheres-preferem-o-lar-a-uma-profissao/#.VxzCmjArLIV - acessado em24 de abril de 2016
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