domingo, 21 de julho de 2019

Celebração do amor-próprio, “casamento sologâmico” e suicídio


Celebração do amor-próprio, “casamento sologâmico” e suicídio




Deus criou Adão e Eva, os abençoou, e disse-lhes: “Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei e subjugai a terra!” (cf. Gn 1,28). Desse modo, o verdadeiro casamento tem dois sentidos no plano divino: unitivo e procriativo. Entretanto, parece estar surgindo um novo tipo de “casamento”  chamado sologâmico, ou seja, consigo mesmo.

Americana de 37 anos diz ser casada com a Torre Eiffel

A ideia choca qualquer pessoa de bom senso, mas vai muito além. Há pessoas que se “casam” até com objetos, robôs e animais. Uma mulher se “casou” com a Torre Eiffel em Paris.[1]
Recentemente, duas mulheres se “casaram” consigo mesmas. A primeira foi uma empresária mineira, divorciada. Ela preparou uma festa para mais de cem convidados para assistir o seu “casamento”“Eu resolvi casar comigo por causa da minha história, de eu ter chegado ao ponto de compreender que, em primeiro lugar, eu sou a pessoa mais importante da minha vida”, declarou.
O evento foi celebrado em uma Praça de Belo Horizonte e seguiu os ritos de um casamento monogâmico, com adaptações. A empresária se dirigiu sozinha para o “altar” e foi recebida pela filha. Uma amiga foi a celebrante e os votos foram pronunciados diante de um espelho em que promete se amar e se respeitar até a eternidade. Os convidados receberam espelhos diante dos quais também fizeram um voto coletivo de amor-próprio.
Outro caso, mais recente, é o da “blogueira” Alinne Araújo, que, após o noivo ter desistido do casamento, se “casou” consigo mesma no dia 13 p.p. e se suicidou dois dias depois. “Meu noivo simplesmente sumiu. E ele não vai aparecer na minha festa, que já está paga. Então eu vou casar comigo mesma”, declarou.
A mãe da “blogueira”, assim se expressou em uma emissora de TV, após o suicídio da filha: “Quando ela aceitou casar com ela mesma, eu sabia que o resultado viria depois. Tanto que nem fui trabalhar, fiquei de olho nela depois do casamento. Eu deitada de um lado e ela do doutro. Tomei remédio para descansar, porque estava duas noites sem dormir. Ela esperou o momento que eu cochilei, foi para o quarto e se jogou da janela”.
 O verdadeiro amor a nós mesmos consiste na preservação e aperfeiçoamento de nossa vida espiritual e moral, porque fomos criados à imagem e semelhança de Deus. O amor de si mesmo só é legítimo quando tem por fim o amor de Deus e a Ele está subordinado.
Segundo Santo Tomás de Aquino, “nem todos os homens pensam ser o que eles são, pois o principal no homem é a alma racional e o que é secundário é a natureza sensível e corporal: a primeira é chamada pelo Apóstolo de ‘homem interior’, e a segunda de ‘homem exterior’ (cf. 2 Cor 4, 16). Os bons apreciam em si mesmos, como principal, a natureza racional, ou o homem interior, e por isso consideram-se como sendo o que são. Mas os maus creem que o principal neles é a natureza sensível e corporal, ou o homem exterior. Por essa razão, não se conhecendo bem a si mesmos, eles não se amam verdadeiramente, mas amam somente o que julgam ser.  Ao contrário, os bons, conhecendo-se verdadeiramente a si mesmos, amam-se de verdade.”(Suma Teológica, II-II, q. 25, a. 7)[2]
O “casamento sologâmico” – e outras formas de união que visam satisfazer o amor-próprio ou a sensualidade –  é, pois,  a celebração delirante do egoísmo e vai contra a finalidade do verdadeiro casamento como Deus o instituiu, ou seja, entre um homem e uma mulher.

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