O senso do ser e a ideologia de gênero
Jurandir Dias
O homem é o único ser criado por Deus
com inteligência, vontade e sensibilidade. Ele não nasce um filósofo, mas tem
as premissas naturais – uma matriz – de todo o conhecimento futuro. Essa matriz
se chama senso do ser.
O senso do ser é,
portanto, uma matriz interior com a qual nós nascemos. Essa matriz é um
conjunto de pontos obscuros, velados, não claros, que nos leva a identificar no
mundo exterior as imagens de Deus.
Segundo o Prof. Plinio Corrêa de
Oliveira, “o elemento primeiro do senso do ser, é o senso de que eu
sou, mas que de fato há algo anterior. A matéria-prima para a noção de ser é
inata. Ela se desperta no contato com a realidade. É um conhecimento
germinativo primeiro, é o conhecimento que o ser tem de que ele é. E algo, que
não é ele, é também. Tem a capacidade de refletir: ele se conhece e conhece a
coisa, e refletindo desenvolve o primeiro conhecimento”.[1]
É interessante observar o comportamento
de crianças – meninos e meninas – quando colocadas dentro de uma seção de
brinquedos em uma loja ou supermercado. As meninas escolhem brinquedos
femininos como uma boneca, por exemplo. Os meninos, por sua vez, escolhem bolas
ou outros brinquedos apropriados a seu sexo. É o senso do ser inato
(com o qual já nascem), que os faz escolher aquilo que é adequado ao próprio
sexo. A ideologia de gênero quer quebrar o senso do ser na
criança.
Na primeira tentativa fracassada de
provar a ideologia de gênero, o Dr. John William Money
(1921-2006) disse para a mãe de David Reimer que ela deveria educá-lo e
vesti-lo como uma menina. Contudo, aquela criança, quando a mãe ia vesti-la com
roupa de menina, se recusava, causando dificuldades à mãe. Esta comentava: “Parece
que ele sabe que é um menino”.[2] Sim, a criança, através do senso
do ser, sabe o que é adequado para si de acordo com o seu sexo. A ideia que
a ideologia de gênero quer transmitir de que sexo é uma “construção
social” se desfaz por si.
A respeito da perda do senso
do ser, Roberto De Mattei comenta no livro Plinio Corrêa de
Oliveira – Profeta do Reino de Maria: “O eclipse existencial
do lumen rationis no plano lógico corresponde à perda da
primazia do ser, a qual se perde por um pecado do espírito, que Dr. Plinio
definiu como ‘pecado criteriológico’. “Não se perde a noção de ser por uma
negação metafísica frontal, mas por uma recusa do espírito que leva a
afrouxar e a negar a importância do princípio de contradição e do princípio de
identidade.”
“O ser é aquilo que há de mais
íntimo, mas também de mais nobre em tudo. É o ser que confere realidade àquilo
que existe. Aquilo que eu chamo ser – disse São Tomás – é a mais perfeita de
todas as coisas.”
De Mattei cita ainda outro trecho de
uma reunião de Dr. Plínio em agosto de 1965: “A noção do ser se compõe
ao mesmo tempo de dois elementos: um elemento estático, aquilo que é; e outro
elemento dinâmico, que é o elemento interno do ser. E por causa disso a palavra
ser é um substantivo que é um verbo: o substantivo indica o que é, e o verbo
indica o que age, que se movimenta. A própria palavra ‘ser’ não poderia deixar
de ser um verbo substantivado e um substantivo verbal. Estes dois elementos
constituem o ser.” [3]
Há muito tempo vem ocorrendo um
desajuste entre a inteligência e a vontade. E isto causa uma frustração
fundamental e desequilíbrio na alma das pessoas que dizem ter a cabeça em um
corpo errado. E a ideologia de gênero apresenta para estes
infelizes uma falsa solução: a cirurgia de mudança de sexo. O resultado é um
desastre que tem levado muitas pessoas ao suicídio.
A ideologia de gênero não
é apenas contra o senso do ser; ela é a negação do ser. Ela é
propriamente uma doutrina diabólica contra a natureza humana e contra o
Criador.
______________________________________
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça um blogueiro feliz, comente. A sua opinião é muito importante.