O Facebook e o seu “debate livre” sobre o aborto
Por Jurandir Dias
Liberdade
de imprensa e democracia são
termos correlatos dentro do meio jornalístico. Por liberdade de imprensa se
entende liberdade de expressão. Esta última, por sua vez, constitui um dogma
para a imprensa. Tal “dogma”, entretanto, é muitas vezes violado por aqueles
mesmos que o defendem com unhas e dentes. O Facebook é um
exemplo disso.
A imprensa, dentro de um
regime democrático, se considera o Quarto Poder. Essa ideia
nasceu a partir de meados do século XIX. Ela pretende ser o órgão responsável
por fiscalizar eventuais abusos dos três poderes da República (Legislativo,
Executivo e Judiciário). Contudo, vemos hoje que esse “poder” não se restringe
somente a isto, mas também a coibir a divulgação daquilo que vai contra os seus
princípios, os quais são muitas vezes favoráveis ao aborto, ao homossexualismo,
ao amor livre etc. Princípios que se chocam com os de seus leitores, que na sua
maioria são conservadores. É o que podemos observar a seguir:
Está previsto um referendo
sobre o aborto na Irlanda no próximo dia 25. Ora, no dia 8 o Facebook antecipou
que vai bloquear todas as publicações estrangeiras a respeito desse referendo:
“Como parte dos nossos esforços para
ajudar a proteger a integridade das eleições e o referendo de influências
indevidas, vamos
começar a rejeitar publicidades relacionadas ao referendo de anunciantes de fora da
Irlanda.”[i]
O Facebook parece não
perceber a contradição entre o que diz e o que faz: “Nosso objetivo é simples: favorecer
um debate livre, equitativo e transparente.” (O grifo é
nosso).
Como pode haver “debate
livre” onde as pessoas são impedidas de se manifestar?
Com essa medida, o Facebook alega “proteger
a integridade das eleições e o referendo de influências
indevidas”.
De fato, ele teme uma campanha de esclarecimentos promovida por movimentos
conservadores Pró-Vida, cujo resultado poderá ser contrário à matança dos
inocentes.
Agindo assim, o Facebook deixará
também as pessoas impossibilitadas de se manifestar pelas redes sociais,
ficando todo o noticiário (tendencioso) por conta da mídia abortista.
No “debate livre” concebido
pelo Facebook e
por grande parte da mídia, somente os ingênuos acreditam. Assim, diz com
propriedade Reynaldo Carilo Carvalho Netto: “O quarto poder não representa mais
– não em sua totalidade – o conceito de fiscalizar os poderes e nortear os
cidadãos. Por ele agora passam filtros que são geridos por interesses
particulares, amputando informações, direcionando olhares, minando o
funcionamento intelectual, em uma verdadeira democracia de faz de conta.”[ii]
____________________________________
[i]https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2018/05/09/facebook-bloqueia-publicidade-estrangeira-antes-de-referendo-sobre-aborto-na-irlanda.htm
[ii]http://observatoriodaimprensa.com.br/diretorio-academico/_ed765_o_quarto_poder_e_censura_democratica/
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